sábado, 11 de maio de 2013


Um homem simples. Foi assim que conheci Descartes. 

Fundidor por profissão, teve na escultura sua maior paixão. Conhece como poucos os métodos de fabricação de peças de excelente qualidade artística, deu-me uma aula sobre as ligas, incluindo temperaturas de fusão e cuidados na confecção das peças. Mas, a saúde frágil nos privou de outras criações.

Pintor reconhecido no Ceará e no mundo, Gadelha mantém suas raízes com muita paixão. Retrata em sua obra, os aspectos mais profundos da injustiça social, sem o apego superficial da estética convencional. Capaz de retratar, sem romantismo o duro dia-a-dia de muitos brasileiros, descortina em sua palheta uma verdade que só de perto se pode constatar. Expressionista por conceito, ele mesmo não se considera tal.  

Dotado de uma cultura vasta, não só no terreno das artes plásticas, dá gosto de sentar para ouvi-lo falar. É nítida a insatisfação com a realidade retratada. Suas obras o colocam dentro da cena como co-participante. Parece que ele está no meio dos catadores ou que ofereceu mantimento aos esfomeados.

Descartes mantém um programa silencioso de apoio a instituições sociais doando parte do cachê para atividades filantrópicas.

Alguns dados sobre o artista:
"Participou das mais importantes mostras coletivas, no Brasil e no exterior. Obteve prêmio no XVI Salão Municipal de Abril de Fortaleza, em 1964, no I e II Salões Nacionais de Artes Plásticas do Ceará e no 1º Salão de Artes Plásticas do BNB-Clube, em Fortaleza, nas décadas de 1970 e 1980.
Individualmente, Descartes (foto) realizou diversas exposições, destacando-se Catadores do Jangurussu, em 1986, De Um Alguém para Outro Alguém, em 1900 e a megaexposição Cicatrizes Submersas, com mais de 100 pinturas a óleo de média e grande dimensões, além de esculturas, cerâmicas, gravuras e desenhos, retratando a saga do beato Antônio Conselheiro do Nordeste e seu epílogo em Canudos. Outra série de Descartes é “Tropas de Pero Coelho”, onde reproduz com riqueza a interação dos portugueses e dos silvícolas com as paisagens cearenses durante a Invasão Francesa que tomou o Maranhão chegando até a Serra de Ibiapaba, no Ceará”.
Numa linguagem expressionista, Descartes Gadelha retrata em sua obra a cultura, a religiosidade e os problemas sociais comuns ao Ceará e ao Nordeste do Brasil. O mais difícil, Gadelha consegue: repassar a limpo toda a saga de um povo sofrido sem ser piegas ou meladramático, ou ainda, sem ser desesperançado. A beleza de sua obra é a esperança.
Assim Descartes é considerado pelo crítico de arte o francês René Huighe: Descartes é responsável por “um casamento prefeito entre a realidade, a expressão (interpretação) e a plástica”. Ou seja, um artista completo, capaz de integrar valores estéticos e ideológicos em uma obra das mais próximas ao imaginário popular."Fonte:http://www.correioibiapaba.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário